sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A psicologia dos motoristas no inferno astral do trânsito das metrópoles



A psicologia dos motoristas
Esse ano, São Paulo bateu o recorde de congestionamento da história da cidade. No dia 23 de maio, uma quarta-feira de greve no metrô e na CPTM, foram registrados 249 km congestionados na cidade. Essa é a distância da capital paulista até a cidade de Ubatuba, no litoral norte. Para quem não é de São Paulo, uma comparação ainda mais importante: essa é a distância de Paris até Londres.
O excesso de veículos é um problema inegável nas cidades brasileiras. Em São Paulo eles ocupam 80% dos espaços públicos e transportam menos de 30% das pessoas (como mostra esse infográfico da Folha de S. Paulo)
E esse não é só um problema de mobilidade. O excesso de trânsito causa, também vários danos psicológicos. Além de ficarem estressados, os motoristas começam a ter algumas noções distorcidas sobre os espaços públicos. Pelo menos é o que mapeia o Núcleo de Psicologia do Trânsito, da Universidade Federal do Paraná, coordenado pela psicóloca Iara Thielen. No livro “O automóvel – o planejamento urbano e a crise das cidades”, Iara fala sobre os anos que pesquisou comportamento no trânsito e aponta algumas tendências de pensamento e comportamento dos motoristas pelo Brasil. Abaixo, uma compilação em 5 tópicos dessas tendências:
1. O trânsito não é percebido como um fenômeno coletivo.
Os motoristas, em geral, se mostram individualistas. “As pessoas sempre acreditam que o problema é dos outros, que correm feito loucos, enquanto que elas mesmas só exageram ‘um pouquinho’”, explica Iara. Essa é a mesma desculpa para comportamentos sociais ilegais, segundo ela. Em uma pesquisa com um grupo de pessoas que recorriam de suas multas, Iara se deparou com um infrator que tinha estacionado em local proibido e quis saber o motivo da revolta contra a multa. “Ele me disse que tinha estacionado lá em um domingo e que, por isso, não estava atrapalhando ninguém”, conta ela. “Isso é muito comum, pessoas que culpam o código de trânsito e que querem subvertê-lo para favorecer seus próprios interesses”, explica. O mesmo se dá para pessoas que param em cima da faixa: a culpa nunca é delas. É o farol que fechou e não deu tempo de seguir, por exemplo. Ou, pior, dizem não estar atrapalhando, que os pedestres podem, perfeitamente, contornar o carro.
As pesquisas também apontam que as formas de melhorar o trânsito apontadas por motoristas são mais fiscalização, mais radares para evitar o excesso de velocidade. “Ninguém nunca admite que precisa tirar o próprio pé um pouco do acelerador”, complementa. A função da fiscalização, para ela, é punir os mal educados, não educar.
2. Esse individualismo dá margem para uma noção de “propriedade do espaço público”
Os outros carros sempre são percebidos pelos motoristas como uma ameaça ao seu espaço. “Se um motorista está transitando e aparece outro em sua frente, ele logo pensa ‘como é que ele ousou ocupar meu espaço?’”, explica Iara. Todo motorista, segundo ela, pensa intuitivamente ter mais direito do que os outros e sempre encara um carro que tome sua dianteira como uma agressão. Por isso o comportamento tem se tornado tão violento. E há um componente físico que piora o quadro: o ponto cego do carro. Acontece muitas vezes de haverem “fechadas” não intencionais no trânsito. Mas, nesse ambiente de guerrilha, as reações sempre acabam sendo mais inflamadas do que o necessário.
3. Há uma hierarquia muito clara no trânsito – que define quem é “mais dono” e quem é “menos dono” do espaço público
Pedestres têm menos direitos que os ônibus, que têm menos direitos que os carros, que têm menos direitos que os carros caros. “Quanto maior o status, mais dona do espaço público a pessoa se sente”, diz Iara. Só que, no trânsito, as mesmas chances de ocupar o espaço são dadas a todos. E, como os veículos ficam atravancados no trânsito, a ocupação das ruas vira uma disputa violenta pelo espaço entre carros, ônibus e pedestres.
4. A noção de perigo é subestimada, em especial por quem é jovem
Sabe aquela história de “prefiro que o carro dê PT de uma vez, para ser ressarcido pelo seguro”? Pois bem, é um discurso muito comum, que não leva em conta as consequências do acidente que gerar essa Perda Total no veículo. O perigo de andar em alta velocidade é subestimado. “Excesso de velocidade é entendido pela maioria dos motoristas com ‘andar acima da minha capacidade de controlar a potência do veículo’”, explica Iara. “Essas opiniões individuais distorcem o sentido de segurança e do espírito social que é o trânsito”, complementa. “O cuidado com o outro é invisível porque eles acreditam que controlam absolutamente a situação e que podem parar o carro no instante em que quiserem”, adverte Iara.
5. O excesso de carros é visto por um problema pelos motoristas, que afirmam que não se deve vender mais carros… para os outros.
As cidades estão saturadas de veículos. Curitiba, por exemplo, possui a maior frota per capita do Brasil. São Paulo recebe mil novos veículos todos os dias. Claro que o trânsito vai piorar, é uma questão física: não há espaço para tantos carros. Até aí, segundo Iara, todo mundo concorda. O problema apontado por ela é quando se começa a discutir a solução. “Todo mundo diz que não se pode mais vender carros, mas absolutamente ninguém mostra a menor disponibilidade de se desfazer ou diminuir o uso do seu”, diz ela. “Não dá para viver sem carro na cidade, é impossível”, dizem os motoristas. “Ok, mas assim também fica impossível resolver tanto o problema do trânsito quanto esses padrões de comportamento que estão fazendo as cidades ficarem tão violentas”, diz a psicóloga.

Vamos pedalAR


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Bicicletas sem impostos, um sonho possível!


Na primeira quinzena de agosto, o DataSenado realizou enquete para conhecer a opinião dos internautas sobre o projeto de lei que concede isenção de impostos para bicicletas, suas partes e peças. Dos 2.005 internautas que votaram no site do Senado, do dia 01 ao dia 16 de agosto, 89,5% manifestaram-se a favor da proposta, enquanto 10,5% votaram contra.
O PLS 166/2009, de autoria do senador Inácio Arruda (PCdoB - CE), propõe a isenção do imposto sobre produtos industrializados incidentes sobre bicicletas, suas partes e peças, além de determinar o fim das alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social incidentes sobre a importação e a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, desses bens.


Vote aqui!



domingo, 12 de agosto de 2012

Bicicletada da Lagoa - Florianópolis




***5a Edição em 2012, rumo à Mole!***

CONTEXTO - Após a 4a edição, com mais de cem participantes, instalação de placas de respeito ao ciclista e ampla repercussão na mídia, agora vamos adotar novo percurso, rumo ao morro de acesso à Praia Mole.

O objetivo da 5a Bicicletada da Lagoa é denunciar o primitivismo da administração pública, que fez o famoso truque político do "recapeamento asfáltico" às coxas em véspera de eleições, sem reformar o acostamento e sinalizar o respeito ao ciclista e ao pedestre. 

O respeito ao ciclista pelo automóvel, quando não existe ciclovia, é regulamentado por Lei do Código de trânsito Brasileiro. Neste caso, o ciclista deve transitar às margens da pista, no sentido da via. O motorista deve diminuir a velocidade para ultrapassar o ciclista, respeitando uma distância de 1,5m. Veja o que diz a lei do CTB:

Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta: Infração - média; Penalidade - multa.

Mais do que um dispositivo legal, é uma questão de segurança e de respeito pelo direito de circulação do outro. De consciência cidadã.

5a BICICLETADA - "Recentemente a prefeitura (ou estado) "revitalizou" a rodovia da Praia Mole / Barra da Lagoa, asfalto pretinho, lisinho.... aí pergunto a ciclistas, corredores, caminhantes: lembram como era horrível o acostamento dessa estrada? Pois é.... PIOROU!!!!!
Recapearam o asfalto direitinho, mas só mexeram no acostamento onde os malas sem alça estacionam (é proibido estacionar em acostamento)! No resto continua como estava, e ainda ficou um degrau entre a pista e acostamento, trashzeira. E ainda tem gente elogiando, só pode ser partiDário ou Homo Automobilis!" - Eduardo Green, cicloativista.

O "Recapeamento asfáltico" representa a mais antiga forma de se fazer uma política ultrapassada, que visa dar aos motoristas uma sensação de "progresso urbanístico".

Entretanto, no século XXI o velho conceito de "progresso" via estradas para carros deve dar lugar à "sustentabilidade" e à "mobilidade" urbanísticas.

Não queremos só capa de asfalto, queremos que nosso dinheiro, pago em impostos todos os dias, seja usado em favor do urbanismo do futuro, sustentável, igualitário e democrático.

"Somos pedestres, necessitamos caminhar, mas não podemos ter medo. Medo do carro, medo da cidade. Em uma boa cidade, compramos pão e leite a pé ou de bicicleta. Calçadas niveladas com as ruas são ideais para deixar claro que quem invade o espaço das pessoas são os carros, e não o contrário" - Enrique Peñalosa, ex-prefeito que construiu 500 km de ciclovias em Bogotá, capital da Colômbia.

"As cidades latino-americanas não querem parecer-se com Amsterdam ou Florença, mas com Los Angeles, e estão conseguindo converter-se na horrorosa caricatura daquela vertigem. Em 1992 houve um plebiscito em Amsterdam. Os habitantes da cidade holandesa resolveram reduzir à metade o espaço, já muito limitado, que ocupam os automóveis. Três anos depois, proibiu-se o trânsito de carros privados em todo o centro da cidade italiana de Florença, proibição que se estenderá à cidade inteira à medida em que se multipliquem os bondes, as linhas de metrô, as vias para pedestres e os ônibus. Também as ciclovias: será possível atravessar toda a cidade sem riscos, por qualquer parte, pedalando em um meio de transporte que custa pouco, não gasta nada, não invade o espaço humano nem envenena o ar e que foi inventado, há cinco séculos, por um vizinho de Florença chamado Leonardo da Vinci" - Eduardo Galeano, escritor uruguaio.

Percurso: Pracinha da Lagoa - uma volta pelo Centrinho da Lagoa - Av. das Rendeiras - Morro da Mole - Morro da Barra da Lagoa - retorno pelo mesmo percurso até a Pracinha da Lagoa.

Obs - Respeitando o conceito de "Massa Crítica", o percurso pode ser alterado de acordo com a opinião das pessoas no dia. 
Além disso, quem não quiser fazer todo o percurso pode fazer apenas uma parte, o importante é participar ;)

Obs 2 - É indescritível a sensação de pedalar em um coletivo, reocupando a rua como espaço público de respeito a todos, de contato com o bairro, conversando e observando a paisagem. Só quem participa de uma bicicletada sabe o valor disso em termos de saúde, bem-estar e cidadania :)

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Rede de organizadores:


Grupo Bicicletada Floripa

https://www.facebook.com/groups/bicicletada.floripa/

Grupo Ciclovia na Osni Ortiga (Lagoa)

https://www.facebook.com/groups/281578931940110/

ViaCiclo

Associação de ciclistas da grande florianópolis

www.viaciclo.org.br

Movimento Ciclovia na Lagoa Já

http://movimentociclovianalagoaja.blogspot.com/

Ampola - Associação dos Moradores do Porto da Lagoa

http://ampolanarede.blogspot.com/

Floripa Quer Mais

https://www.facebook.com/FloripaQuerMais

Caminhos do Sertão

http://www.caminhosdosertao.com.br/

Projeto Musicália Brasuca

https://www.facebook.com/brasucalia

Bike Anjo

http://www.bikeanjo.com.br/

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O exemplo de Copenhague



História da despoluição das águas dos canais de Copenhague, na Dinamarca, e criação de uma piscina pública e área de recreação para a população. 


Esse vídeo pertence ao projeto cidadesparapessoas.com.br