quarta-feira, 31 de março de 2010

A Páscoa da Terra Crucificada


Por Leonado Boff*

A páscoa é uma festa comum a judeus e a cristãos e encerra uma metáfora da atual situação da Terra, nossa devastada morada comum. Etimologicmente, páscoa significa passagem da escravidão para a liberdade e da morte para a vida. O Planeta como um todo está passando por uma severa páscoa. Estamos dentro de um processo acelerado de perda: de ar, de solos, de água, de florestas, de gelos, de oceanos, de biodiversidade e de sustentabilidade do própro sistema-Terra. Assistimos estarrecidos aos terremotos no Haiti e no Chile, seguidos de tsunams. Como se relaciona tudo isso com a Terra? Quando as perdas vão parar? Ou para onde nos poderão conduzir? Podemos esperar como na Páscoa que após a sexta-feira santa de paixão e morte, irrompe sempre nova vida e ressurreição?

Precisamos de uma olhar retrospectivo sobre a história da Terra para lançarmos alguma luz sobre a crise atual. Antes de mais nada, cumpre reconhecer que terremotos e devastações são recorrentes na história geológica do Planeta. Existe uma "taxa de extinção de fundo" que ocorre no processo normal da evolução. Espécies existem por milhões e milhões de anos e depois desparecem. É como um indivíduo que nasce, vive por algum tempo e morre. A extinção é o destino dos indivíduos e das espécies, também da nossa.

Mas além deste processo natural, existem as extinções em massa. A Terra, segundo geólogos, teria passado por 15 grandes extinções desta natureza. Duas foram especialmente graves. A primeira ocorrida há 245 milhões de anos por ocasião da ruptura de Pangéia, aquela continente único que se fragmentou e deu origem aos atuais continentes. O evento foi tão devastador que teria dizimado entre 75-95% das espécies de vida então existentes. Por debaixo dos continentes continuam ativas as placas tectônicas, se chocando umas com as outras, se sobrepondo ou se afastando, movimento chamado de deriva continental, responsável pelos terremotos.

A segunda ocorreu há 65 milhões de anos, causada por alterações climáticas, subida do nivel do mar e arquecimento, eventos provocados por um asteróide de 9,6 km caido na América Central. Provocou incêndios infernais, maremotos, gases venenosos e longo obscurecimento do sol. Os dinossauros que por 133 milhões de anos dominavam, soberanos, sobre a Terra, desapareceram totalmente bem como 50% das espécies vivas. A Terra precisou de dez milhões de anos para se refazer totalmente. Mas permitiu uma radiação de biodiversidade como jamais antes na história. O nosso ancestral que vivia na copa das árvores, se alimentando de flores, tremendo de medo dos dinossauros, pôde descer à terra e fazer seu percurso que culminou no que somos hoje.

Cientistas (Ward, Ehrlich, Lovelock, Myers e outros) sustentam que está em curso um outra grande extinção que se iniciou há uns 2,5 millhões e anos quando extensas geleiras começaram a cobrir parte do Planeta, alterando os climas e os níveis do mar. Ela se acelerou enormemente com o surgimento de um verdadeiro meteoro rasante que é o ser humano através de sua sistemática intervenção no sistema-Terra, particularmente nos último s séculos. Peter Ward (O fim da evolução, 1977, p.268) refere que esta extinção em massa se nota claramente no Brasil que nos últimos 35 anos está extinguindo definitivamente quatro espécies por dia. E termina advertindo:"um gigantesco desastre ecológico nos aguarda".

O que nos causa crise de sentido é a exitência dos terremotos que destroem tudo e dizimam milhares de pessoas como no Haiti e no Chile. E aqui humildemente temos que aceitar a Terra assim como é, ora mãe generosa, ora madrasta cruel. Ela segue mecanismos cegos de suas forças geológicas. Ela nos ignora, por isso os tsunamis e cataclismos são aterradoras. Mas nos passa informações. Nossa missão de seres inteligentes é descodificá-las para evitar danos ou usá-las em nosso benefício. Os animais captam tais informações e antes de de um tsunami fogem para lugares altos. Talvez nós outrora, sabíamos captá-las e nos defendíamos. Hoje perdemos esta capacidade. Mas para suprir nossa insuficiência, está ai a ciência. Ela pode descodificar as informações que previamente a Terra nos passa e nos sugerir estratégias de autodefesa e salvamento.

Como somos a própria Terra que tem consciência e inteligência, estamos ainda na fase juvenil, com pouco aprendizado. Estamos ingressando na fase adulta, aprendendo melhor como manejar as energias da Terra e do cosmos. Então a Terra, através de nosso saber, deixará que seus mecanismos sejam destrutivos. Todos vamos ainda crescer, aprender e amadurecer.

A Terra pende da cruz. Temos que tirá-la de lá e ressuscitá-la. Então celebraremos uma páscoa verdadeira, e nos será permitido desejar: feliz Páscoa.

*Leonardo Boff é Teólogo e autor de Nossa ressurreição na morte, Vozes 2007.

domingo, 28 de março de 2010

A história da água engarrafada



Annie Leonard, a produtora de A História das Coisas e A História do Cap and Trade, lançou no Dia Mundial da Água o seu novo documentário: The Story of Bottled Water (ou, em tradução livre, A História da Água Engarrafada).

O vídeo, com duração de oito minutos, questiona a falta de consciência ecológica dos cidadãos que compram garrafas de água enquanto poderiam beber água tratada. Annie também apresenta o dano que essa prática causa ao planeta, como o aumento da poluição e o mal uso de dinheiro.
Os argumentos do documentário estão baseados em:

* pesquisas científicas comprovam que água em garrafa muitas vezes tem menor qualidade do que a filtrada;

* testes de opinião pública mostram a água tratada como de “gosto mais puro” que a mineral;

* a água armazenada em garrafas plásticas pode custar até 2 mil vezes mais que a tratada.

O vídeo mostra que tudo isso só acontece porque as empresas que “fabricam” a água engarrafada precisam continuar crescendo, então eles investem em propagandas que moldem a atitude das pessoas em relação ao consumo de água. Por consequência, fazem uma imagem negativa da água filtrada.

“Elas dizem que a água tratada não é pura, seduzem o cliente com uma imagem de água de ‘fonte limpa e bem cuidada’ e, além disso, as águas engarrafadas são constantemente associadas a pessoas de boa condição financeira”, são outros argumentos de Annie.

Outro dado alarmante é o da poluição. O “lixo” resultado da indústria de garrafas de plástico é grande suficiente para dar cinco voltas redor do mundo. A indústria da água polui tanto quanto qualquer outra - gasta energia, transporte e ainda produz lixo que nem sempre é reciclado. Annie completa que, geralmente, as garrafas plásticas vão para lixões ou são enceneradas, muito raro, são recicladas.

Como solução para o problema, o vídeo estimula os cidadãos a dizerem não para a água engarrafada e a encorajarem os políticos a investirem em tratamento de água e prevenção da poluição dos rios. Ele incentiva do uso de bebedouros e o boicote às garrafas de água nas escolas, nas organizações e em toda a cidade.

Água engarrafada é desperdício de dinheiro

Mas Annie também traz estatísticas confortantes. Ela informa uma diminuição no índice de uso de águas engarrafadas - dados comprovam que restaurantes se preocupam mais com a venda de garrafas de água e que muitos consumidores usam a garrafa apenas como refil, enchendo-as com água tratada todo o tempo, pois escolheram poupar o dinheiro da compra.

O vídeo termina com a seguinte afirmativa: “carregar uma garrafa de água é tão ruim quanto uma grávida fumar cigarro”. E conclui: “Nós não vamos mais seguir as demandas do mercado, vamos escolher as nossa próprias demandas, e a nossa demanda será: água limpa e segura para todos”.

* Projeto do Instituto Ecodesenvolvimento

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dia Mundial da Água


No Dia Mundial da Água precisamos reafirmar que a água é um direito humano fundamental.

por Henrique Cortez

Durante milênios, a água foi bem comum e direito fundamental a todos os seres vivos… até que o modelo consumista e predador da civilização contemporânea decidiu que apenas os que podem pagar têm acesso à água. De bem comum a água tornou-se commodity e instrumento de domínio: quem controla nascentes e mananciais controla a vida!

A escalada da privatização das fontes de água em escala mundial é uma das questões mais cruciais a pesar sobre o destino da humanidade. Os colossais interesses privados – com apoio explícito ou velado dos governantes de plantão – já se apropriam “legalmente” dos estoques de água doce via projetos estratégicos cristalizados em barragens, transposições duvidosas, redirecionamentos de bacias hidrográficas, construção de hidrovias, privatização de mananciais…

Não bastasse a cobiça do “mercado” a agudizar a exclusão social, as águas do planeta também são vítimas de degradação qualitativa via despejos de rejeitos não tratados que comprometem sua potabilidade. A insegurança hídrica é uma realidade: 1,2 bilhão de indivíduos não tem água de qualidade para beber e 2,5 bilhões são desprovidos de saneamento básico.

No Brasil, 40 milhões de brasileiros que não têm acesso aos sistemas de abastecimentos público e 100 milhões de brasileiros não tem acesso ao sistema de esgotos. Não é estranho que isto aconteça em um país no qual á água sempre foi um instrumento de poder, controlado pelas oligarquias (políticas e econômicas) e pela sempre pujante indústria da seca.

É esta visão econômica que orienta o conceito da não cobrança da captação da água bruta, que tanto favorece o agronegócio. A irrigação é responsável por quase 70% do consumo de água, com um desperdício médio de 50% da água captada.

O problema é conhecido há décadas, mas, até agora, não há um único programa público de redução de perdas e de adoção de sistemas eficientes de irrigação. O perdulário pivô central ainda reina absoluto no país.

Os sistemas de distribuição de água tratada, públicos e privados, em média, desperdiçam 40% da água distribuída por falhas operacionais (vazamentos, rompimentos de adutoras, etc). As distribuidoras não se preocupam porque não tem qualquer prejuízo, uma vez que as perdas estão consideradas nas tarifas. Ou seja, é o cidadão/consumidor é quem paga pela ineficiência.

As campanhas que incentivam o cidadão/consumidor a reduzir o consumo pessoal e familiar são necessárias, mas não são justas. Não é o consumidor urbano o responsável pelo consumo maior da água bruta (é a agricultura irrigada), nem pelo maior desperdício de água tratada (é a operação ineficiente do sistema).

É claro que, na qualidade de consumidores, precisamos mudar nossa atitude em relação à demanda de água. Precisamos, de fato, ser mais responsáveis pela água que consumimos.

Neste século de hidronegócio e de água virtual, a seiva da vida também alimenta fortemente a indústria da corrupção. Como se não bastasse, já é consenso que grande parte dos conflitos políticos e sociais no presente e no futuro próximo deixará de ter como causa o petróleo e será provocado pelas disputas em torno da água doce, cujos estoques diminuem dramaticamente.

É tempo de se dar um basta à exclusão hídrica. A água tem de voltar a ser de todos.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Fosfateira em Anitápolis, SC - Avatar Catarinense



(Fosfateira em Anitápolis, SC) Avatar Catarinense, artigo de Guilherme Floriani

O Diretor de Avatar, James Cameron, não deve conhecer a região de Anitápolis, em Santa Catarina, onde se prevê a implantação de um complexo de mineração para fabricar fertilizantes. Em Avatar, humanos do futuro vão ao planeta Pandora explorar um minério e entram em conflito com a civilização dos Na’vi que vive em harmonia com a natureza no local da jazida. “Uma ampla metáfora sobre como tratamos a natureza”, Cameron não precisava ter dito. Os Na’vi viviam na Árvore da Vida, em cima da jazida. Em Anitápolis, é a ONG Montanha Viva quem enfrenta a mineradora.

A superprodução recebeu 3 Oscars e alcançou a maior bilheteria da história, em parte por saciar a tomada de consciência ambiental que surge em todo o mundo, aflita pelos riscos da apropriação dos recursos naturais quando corporações multinacionais, tecnologias insustentáveis e especulação financeira podem culminar em destruição de ambientes e povos. Mas Avatar é uma versão parcial dos conflitos ambientais e sociais que colocam a gestão ambiental entre a cruz e a espada.

O filme Guerra ao Terror foi mais premiado no Oscar. Trata o drama dos militares americanos no Iraque e Afeganistão, onde não existiria aquilo que Avatar denuncia, o custo da mineração, no caso, do petróleo. Seguiu todas a regras tradicionais de produção cinematográfica e com menor custo, ganhou de Avatar. Se o projeto de Anitápolis fosse avaliado como este filme, a mineração já teria iniciado. Mas o Licenciamento Ambiental nunca poderá deslizar num rito burocrático descontextualizado, cartorial.

Pois a decisão sobre a viabilidade de um empreendimento com elevados impactos ambientais e econômicos não se resolve com efeitos especiais de filmes de ficção. Ocorre quando planos estratégicos de desenvolvimento se materializam em projetos, um instante que reclama investimentos verdadeiros em gestão pública, primor tecnológico e avanço científico.

Colaboração de Guilherme Floriani, Analista Ambiental do IBAMA, para o EcoDebate, 16/03/2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

Criação em escala industrial: Uma eterna ‘Treblinka’ animal


Às vésperas da cúpula sobre mudanças climáticas de Copenhague, em dezembro passado, Paul McCartney se apresentou no Parlamento Europeu. Naquela ocasião, fez um discurso em favor da redução do consumo de carne, lembrando o fato bem documentado de que a criação de animais em escala industrial está entre as primeiras causas da emissão de gás carbônico e do aquecimento global.

Meio mundo reagiu, mas com as sobrancelhas levantadas, por causa da aparição de Sir Paul, quando não com aberto escárnio. Fora do parlamento, um grupo do lobby dos criadores de animais organizava um churrasco a céu aberto, com hambúrgueres e salsichas, respondendo com sarcasmo ao discurso do baronês.

Ora, se de um lado pode-se compreender a hostilidade para com o enésimo bilionário famoso que pretende dar lições de ética, de outro lado, esse episódio parece ser um exemplo da reação mais comum a um tema, como o vegetarianismo, simples e pacato, porém, pelo que parece, perturbador.

Como todo vegetariano sabe por experiência, poucos argumentos causam um tal misto de incompreensão, suspeita, ironia apática do que a escolha por não consumir carne. Entre as clássicas objeções movidas a quem não come alimentos de procedência animal, duas estão muito enraizadas, uma ligada à tradição cultural (o homem cria animais desde o início dos tempos), a outra à tradição natural (os animais são comidos por outros animais). Objeções que podiam talvez ter alguma conexão há até um século, quando a criação de animais ainda se baseava em métodos tradicionais e em uma figura de criador que conhecia e respeitava os seus animais.

Hoje, comer carne significa quase sempre consumir os produtos da criação e do abate industriais, gigantescas multinacionais que gerem o nascimento e a morte de bilhões e bilhões de seres vivos. Um sistema cientificamente organizado sobre a dor, a tortura, a manipulação genética, a reclusão em espaços superlotados até a morte por sufocamento, os métodos de morte mais horroríficos.

Uma eterna Treblinka

Parece que Adolf Hitler sofria de estômago nervoso e de flatulência. Quando o ditador descobriu que reduzir a carne tornava menos fedorentas as suas emissões intestinais, tentou privilegiar os consumos vegetais. Na realidade, apesar da lenda de que fosse vegetariano, Hitler nunca abandonou as adoradas salsichas bávaras e outros pratos de carne e sempre foi feroz com os vegetarianos de verdade. Baniu as associações vegetarianas na Alemanha e mais tarde nos territórios ocupados. O pacifista e vegetariano alemão Edgar Kupfer-Koberwitz teve que se refugiar em Paris e depois na Itália, onde foi por fim preso pela Gestapo e enviado a Dachau.

Todos esses são casos que eram lembrados em um ensaio de alguns anos atrás, “Un’eterna Treblinka”, de Charles Patterson (publicado na Itália pela edições Riuniti, 320 páginas). Além de se ocupar dos hábitos alimentares do Führer, Patterson analisa a gênese do modelo de extermínio nos campos de concentração nazistas, chegando a sugerir que esse modelo tinha uma forma de origem comum e numerosas afinidades operativas com o sistema industrial de criação e abate norte-americano.

Cadeia de montagem

Se uma comparação semelhante pode parecer fora de lugar para alguns, deve se lembrar que o primeiro a fazê-la foi, na realidade, Isaac Bashevis Singer: foi, de fato, o autor da Família Moskat que sugeriu que, “para os animais, trata-se de uma eterna Treblinka”, evocando o fantasma do famigerado campo de extermínio.

De outro lado, a eficiente máquina de abate animal já havia inspirado outras empresas. Henry Ford, o industriário dos automóveis, confessou que havia sido a visita a um matadouro de Chicago que lhe deu a ideia para um sistema de trabalho baseado na cadeia de montagem. Nos abates, tratava-se de desmembrar cadáveres animais no menor tempo possível. Nas fábricas, se trataria de montar automóveis em um tempo também veloz.

A tendência a liquidar o vegetarianismo como uma questão reservada a boas almas ou a intelectuais sabichões poderia quase encontrar confirmação, em um primeiro olhar superficial, diante de um texto recém publicado na Itália: “Se niente importa. Perché mangiamo gli animali?” [Se nada importa. Por que comemos os animais?], de Jonathan Safran Foer (Ed. Guanda, 368 páginas).

Eis um jovem e famoso escritor norte-americano, com residência em uma bonita quadra do Brooklyn, que, com o nascimento do primeiro filho, deixou-se tomar por angústias burguesas sobre o que seria justo dar-lhe de comer e se colocou a escrever uma investigação-reflexão sobre o mais controverso dos alimentos: a carne. Poderia soar assim a história do livro. Não fosse pelo fato de que Foer é um escritor autêntico, ou seja, movido por um senso de plena necessidade e capaz de se imergir no tema com uma profundidade estilístico-literária que corresponde a uma profundidade de análise filosófica, de ressonância metafórica, de envolvimento emotivo.

Fruto de três anos de trabalho, impecavelmente documentado, muito irônico, de modo a evitar os tons de uma lição de moral e muito dramático, chegando a provocar tremores de desconforto abissal, o livro causou barulho nos Estados Unidos, um misto de comentários entusiasmados e muito hostis.

Na Itália também, vários resenhistas preferiram levantar um muro de ceticismo, tratando o livro como o enésimo caso de choque entre os castelos no ar dos vegetarianos e o realismo dos carnívoros, os quais, pelo contrário, estariam comprometidos a pensar em questões mais sérias. Com notável desonestidade crítica, a jornalista literária mais irritante dos Estados Unidos, Michiko Kakutani, do New York Times, liquidava o livro perguntando por que Foer não se dedicava a causas melhores.

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terça-feira, 9 de março de 2010

Arrancam tudo para plantar soja e outras monoculturas...
Arrancam tudo para pasto para gado...
Arrancam tudo e não pedem licença a nossa Mãe Terra...



Isso é um assassinato a olho nú e' ninguém' faz nada ou fala nada ou muda nada... nem as próprias escolhas diárias, afinal cada escolha tomada diariamente em relação a algum tipo de alimento consumido, ou produto comprado pode ter total relação com o tamanho do estrago feito em nossas matas - uma vez 'grossas' (densas), como já diz o nome de um de nossos estados - Mato Grosso - e 'dono' da região (assassinada) da foto acima. O próprio 'The New York Times', que publicou tal foto, diz em sua breve descrição sobre a foto: 'No Mato Grosso, Brasil, um equipamento de agricultura pesada trabalhou num mar de poeira vermelha, onde uma floresta nativa já esteve de pé, preparando o campo para o cultivo da soja. Mato Grosso significa floresta densa, e seu nome já foi uma vez real. Mas hoje em dia, esse estado Brasileiro, está globalmente conhecido como o epicentro do desflorestamento.'

O Ser Humano está cego, surdo e mudo !
O que mais precisamos mostrar ou fazer para que possamos acordar?

"Seja a mudança que você quer ver no mundo." -já dizia Gandhi.

Consciência já! Nossas escolhas diárias refletem na proteção ou destruição de nosso corpo - externo e interno.

Um brinde a vida - minha, sua e de nossa Mãe Terra!

Ursula Jahara

sexta-feira, 5 de março de 2010

Food, Inc. desnuda a indústria de alimentos

Andrea Vialli*

Está concorrendo ao Oscar 2010 o documentário Food, Inc., que ainda não tem estréia prevista no Brasil, mas está dando o que falar lá fora. O filme de Robert Kenner, co-produzido por Eric Schlosser (de Fast Food Nation, disponível no Brasil) faz uma radiografia pesada da indústria de alimentos nos Estados Unidos, mas que cabe perfeitamente à nossa realidade, em tempos de economia globalizada.

O documentário faz uma incursão sobre os modos de produção da comida que chega às nossas mesas todos os dias, desde o modo como os animais “para fins industriais” são criados e abatidos, o excesso de uso de hormônios e antibióticos – que faz com que frangos engordem em tempo recorde – , a inserção na alimentação de variedades de soja geneticamente modificadas que resistem ao mais forte dos pesticidas, entre outros recursos utilizados pelas companhias para “aumentar a produtividade” – e que, em última instância, faz a comida ficar cada vez mais distante de sua natureza. Isso somado aos impactos à saude, como o aumento da incidência de obesidade, diabetes e contaminação por E.Coli decorrentes dessa ‘desnaturalização’ da comida.

Mas o filme aponta também caminhos, e mostra que está nas mãos do consumidor pressionar a indústria e as cadeias de supermercados por mudanças. A tão falada opção pelos orgânicos e alimentos produzidos localmente, por pequenos produtores, é apontada como um desses caminhos. Infelizmente, o preço ainda é um empecilho para muitos adotarem o orgânico como carro-chefe da alimentação. Esses dias, no supermercado, comparei o preço do frango produzido sem hormônios e antibióticos com o frango convencional. O frango livre de química custava 5 vezes mais que o convencional. Claro que, se mais consumidores buscarem essas alternativas, elas tenderão a baratear.

O trailer, em inglês, é um aperitivo do que o filme trará. Resta esperar que ele aporte logo nos cinemas brasileiros.




Fonte