quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

FAO quer taxa ambiental na pecuária


A pecuária deveria ser taxada para reduzir os estragos ao ambiente causados pela produção de carnes. Polêmica, a proposta da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) afeta grandes exportadores de carnes como o Brasil e pode ser considerada o “contrapeso” do cenário de crescimento contínuo da demanda internacional sinalizado em amplo estudo divulgado na quinta-feira.

A agência da ONU estima que a produção mundial de carnes dobrará até 2050 para atender a uma demanda que cresce de maneira vertiginosa. E alerta que a elevação constante da produção animal “se traduzirá em enormes pressões sobre a saúde dos ecossistemas, a biodiversidade, os recursos em terras e florestas e na qualidade da água, além de contribuir de maneira significativa para o aquecimento do planeta”.

Nesse cenário, a FAO sugere que os governos adotem medidas para reduzir o custo ambiental da expansão da pecuária, e uma dessa medidas poderia ser a imposição de “taxas ou direito de utilização de recursos naturais” pelos pecuaristas, para levá-los a “internalizar os custos dos estragos ambientais causados pela produção animal”. Segundo a agência, impor taxações é necessário sobretudo porque “os preços atuais das terras, da água e dos alimentos usados na produção dos rebanhos frequentemente não refletem o verdadeiro valor desses recursos, o que provoca seu excesso de consumo”.

Leia mais no Tribuna Animal

Fonte

domingo, 21 de fevereiro de 2010

8 princípios da Ecopsicologia


por Theodore Roszak

1) O centro da mente humana é o Inconsciente Ecológico. Para a Ecopsicologia, a repressão do Inconsciente Ecológico é a mais profunda raiz da loucura-dita-normal da sociedade industrial. Abrir acesso ao Inconsciente Ecológico é o caminho para a sanidade.

2) Os conteúdos do Inconsciente Ecológico representam em algum grau, e em algum nível de nossa consciência, o registro vivo da evolução cósmica, remontando às difíceis condições iniciais da história do tempo. Estudos contemporâneos sobre o complexo ordenamento da natureza nos contam que a vida e a mente emergem desta história evolutiva como um sistema culminante natural dentro da sequência em que desabrocharam os sistemas físico, biológico, mental e cultural a que nós chamamos “o universo”. Ecopsicologia apóia-se nesses achados da nova cosmologia, lutando para fazê-los reais à nossa experiência.

3) Assim como o objetivo de prévias terapias é recuperar os conteúdos reprimidos do inconsciente, o objetivo da Ecopsicologia é despertar o senso inerente de reciprocidade ambiental que está adormecido no Inconsciente Ecológico. Outras terapias buscaram curar a alienação entre pessoa e pessoa, pessoa e família, pessoa e sociedade. Ecopsicologia busca curar a alienação mais fundamental entre pessoa e natureza.

4) Para a Ecopsicologia, assim como para outras terapias, o estágio crucial do desenvolvimento da vida é a infância. O Inconsciente Ecológico é regenerado, como um dom, no senso de encantamento com o mundo presente de cada criança que nasce. Ecopsicologia busca recuperar a qualidade animística inata da experiência infantil em adultos funcionalmente saudáveis. Para isso, volta-se para muitas fontes, entre elas as técnicas tradicionais de cura dos povos centrados na terra, o misticismo da natureza como expresso na religião e na arte, a experiência da imersão nos ambientes selvagens e os insights da Ecologia Profunda. Ela adapta essas fontes ao objetivo de criar o ego ecológico.

5) O ego ecológico amadurece na direção de um senso de responsabilidade ética para com planeta, que é tão vividamente experienciado como o é nosso senso de responsabilidade para com as outras pessoas. Ele busca tecer essa responsabilidade na teia das relações dentro da sociedade e no âmbito das decisões políticas.

6) Entre os projetos terapêuticos mais importantes para a Ecopsicologia está a reavaliação de certos traços de caráter compulsivamente masculinos que permeiam as estruturas do poder político e nos impulsionam a dominar a natureza, como se ela fosse algo estranho a nós e sem direitos. Nesse sentido, a Ecopsicologia apóia-se significantemente em alguns (não todos) insights do Ecofeminismo e da Espiritualidade Feminista, com uma visão desmistificadora dos estereótipos sexuais.

7) O que quer que contribua para formas sociais de pequena escala e de empoderamento pessoal nutre o ego ecológico. O que quer que lute por dominação de larga escala e supressão do valor da pessoa humana enfraquece e debilita insidiosamente o ego ecológico. A Ecopsicologia, por conseqüência, questiona a sanidade essencial de nossa cultura urbano-industrial centrada na valorização do gigantismo e no crescimento sem fim, seja ela de orientação capitalista ou coletivista em sua organização. Porém, faz esse questionamento sem rejeitar a genialidade tecnológica de nossa espécie, e nem algumas medidas para melhoria do viver oriundos do poder industrial. Ecopsicologia é pós-industrial e não anti-industrial em sua orientação social.

8) Ecopsicologia sustenta que existe uma interação sinérgica entre o bem-estar planetário e o bem-estar pessoal. O termo sinergia é deliberadamente escolhido por sua conotação teológica tradicional, a qual ensinava que o humano e o divino estão cooperativamente ligados na busca por salvação. A tradução ecológica contemporânea do termo seria: as necessidades do planeta são as necessidades da pessoa, e os direitos da pessoa são os direitos do planeta.

8 princípios da Ecopsicologia de Theodore Roszak, autor da obra: "The Voice of the Earth", o livro que inaugurou a Ecopsicologia.

Publicado por Marco Aurélio Bilibio no Grupo Ecopsicologia.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A Sociedade Mundial da Cegueira


por Leonardo Boff

O poeta Affonso Romano de Sant’Ana e o prêmio Nobel de literatura, o português José Saramago, fizeram da cegueira tema para críticas severas à sociedade atual, assentada sobre uma visão reducionista da realidade. Mostraram que há muitos presumidos videntes que são cegos e poucos cegos que são videntes.

Hoje propala-se pomposamente que vivemos sob a sociedade do conhecimento, uma espécie de nova era das luzes. Efetivamente assim é. Conhecemos cada vez mais sobre cada vez menos. O conhecimento especializado colonizou todas as áreas do saber. O saber de um ano é maior que todo saber acumulado dos últimos 40 mil anos. Se por um lado isso traz inegáveis benefícios, por outro, nos faz ignorantes sobre tantas dimensões, colocando-nos escamas sobre os olhos e assim impedindo-nos de ver a totalidade.

O que está em jogo hoje é a totalidade do destino humano e o futuro da biosfera. Objetivamente estamos pavimentando uma estrada que nos poderá conduzir ao abismo. Por que este fato brutal não está sendo visto pela maioria dos especialistas nem dos chefes de Estado nem da grande mídia que pretende projetar os cenários possíveis do futuro? Simplesmente porque, majoritariamente, se encontram enclausurados em seus saberes específicos nos quais são muito competentes mas que, por isso mesmo, se fazem cegos para os gritantes problemas globais.

Quais dos grandes centros de análise mundial dos anos 60 previram a mudança climática dos anos 90? Que analistas econômicos com prêmio Nobel, anteviram a crise econômico-financeira que devastou os países centrais em 2008? Todos eram eminentes especialistas no seu campo limitado, mas idiotizados nas questões fundamentais. Geralmente é assim: só vemos o que entendemos. Como os especialistas entendem apenas a mínima parte que estudam, acabam vendo apenas esta mínima parte, ficando cegos para o todo. Mudar este tipo de saber cartesiano desmontaria hábitos científicos consagrados e toda uma visão de mundo.

É ilusória a independência dos territórios da física, da química, da biologia, da mecânica quântica e de outros. Todos os territórios e seus saberes são interdependentes, uma função do todo. Desta percepção nasceu a ciência do sistema Terra. Dela se derivou a teoria Gaia que não é tema da New Age; mas, resultado de minuciosa observação científica. Ela oferece a base para políticas globais de controle do aquecimento da Terra que, para sobreviver, tende a reduzir a biosfera e até o número dos organismos vivos, não excluídos os seres humanos.

Emblemática foi a COP-15 sobre as mudanças climáticas em Copenhague. Como a maioria na nossa cultura é refém do vezo da atomização dos saberes, o que predominou nos discursos dos chefes de Estado eram interesses parciais: taxas de carbono, níveis de aquecimento, cotas de investimento e outros dados parciais. A questão central era outra: que destino queremos para a totalidade que é a nossa Casa Comum? Que podemos fazer coletivamente para garantir as condições necessárias para Gaia continuar habitável por nós e por outros seres vivo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Culinária budista com a monja Gyoko En

(clique na imagem para ampliar)

O curso será na sede da Gastromotiva em São Paulo, que fica na R. Aurélia, 1785A (próximo ao metrô Vila Madalena).

Para mais informações www.gastromotiva.org ou fernanda@gastromotiva.org

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

agroPECUÁRIA e seu rastro de destruíção

Excesso de agroquímicos, fertilizantes e pesticidas, é o maior fator responsável pela poluição da água na China.

Produção agropecuária é a maior responsável pela poluição da água na China

Segundo o governo, a descoberta irá requerer um realinhamento parcial da política ambiental chinesa

Grandes plantações são uma fonte muito maior de contaminação da água na China do que os efluentes das fábricas, revelou o governo chinês em seu primeiro “censo de poluição”. A matéria foi publicada pelo jornal britânico The Guardian.

Os oficiais do governo disseram que a descoberta, depois de um estudo de dois anos envolvendo 570 mil pessoas, irá requerer um realinhamento parcial da política ambiental – que, ao invés de se ocupar tanto com as chaminés, deverá voltar sua atenção para os galinheiros, os estábulos e os pomares.

Apesar da nítida revisão de papéis que trouxe à tona a contaminação rural, o governo sugeriu que o problema de poluição do País pode estar perto do auge – ou pode até ter ultrapassado esse ponto. Esse argumento pode incitar um certo ceticismo entre os grupos ambientais. Reportagem: The Guardian

De acordo com fontes do governo, a divulgação do relatório foi adiada por resistência do ministro da agricultura, que havia insistido previamente no argumento de que as fazendas contribuíam apenas com uma pequena fração da poluição na China.

O censo desmente esses argumentos completamente. De acordo com o estudo, a agricultura é responsável por 43,7% da produção de oxigênio químico do País (a principal medida de compostos orgânicos na água), 67% do fósforo e 57% dos efluentes de nitrogênio.

Na divulgação do estudo, Wang Yangliang, ministro da agricultura, reconheceu a falência dos métodos de criação e plantação intensivos.

“Fertilizantes e pesticidas desempenharam um papel importante no aumento da produtividade, mas em alguma áreas, o uso impróprio provocou grande impacto no meio ambiente”, disse ele. “O rápido desenvolvimento da criação intensiva de animais terrestres e aquáticos produziu muito alimento, mas tornou-se também a maior fonte de poluição das nossas vidas”.

Ele disse que o ministério iria introduzir medidas para melhorar a eficiência do uso de pesticidas e fertilizantes, expandir a produção de biogás a partir de dejetos animais e mudar o estilo de agricultura para proteger o meio ambiente.

Enquanto o papel determinante do setor rural na contaminação da água é parcialmente explicado pela imensa proporção do setor agrícola na China, também reflete a dependência massiva do País de insumos artificiais, como os fertilizantes.

O governo diz que isso é necessário porque a China usa apenas 7% da terra do planeta para alimentar 22% da população mundial. Um lobby industrial está tentando forçar uma utilização ainda maior de insumos químicos. Ele inclui a CNOOC, uma grande companhia que possui a maior fábrica de fertilizante à base de nitrogênio do País, na cidade de Hainan Dongfang.

“A poluição pela agricultura tornou-se um dos problemas mais graves da China”, disse o diretor de campanha do Greenpeace, Sze Pangcheung. “A China precisa lutar contra o abuso da utilização de fertilizantes e pesticidas e promover a agricultura ecológica, que tem vantagens óbvias para a saúde humana e o ambiente”.

Wen Tiejun, dean of the school of agriculture and rural development at Renmin university, said the survey should be used as a turning point. His research suggested that Chinese farmers used almost twice as much fertiliser as they needed.

Wen Tiejun decano da Escola de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Universidade de Renmin, disse que a pesquisa deveria ser usada como um ponto de partida para a mudança.

“Durante quase todos os 5 mil anos de história da China, a agricultura fez de nós uma economia que absorve carbono. Mas, nos últimos 40 anos, ela se tornou uma das maiores fontes poluentes que do País. A experiência diz que nós não precisamos nos apoiar nos insumos químicos para resolver a questão da segurança alimentar. O governo tem de reforçar a agricultura de baixa-poluição”, disse ele.

O governo teme que os novos dados sobre a agricultura e outras informações do censo não serão úteis para avaliar o sucesso do plano de cinco anos para reduzir a poluição em 10%.

Zhang Lijun, o vice-ministro de proteção ambiental, argumentou que a China estava resolvendo seus problemas de poluição muito mais rápido que outros países durante seus estágios mais sujos de desenvolvimento.

“O que acontece é que, como a China segue um padrão diferente de desenvolvimento, é muito provável que a poluição vá chegar ao auge quando a renda per capita alcançar os US$ 3 mil”, afirmou, comparando aos US$ 8 mil que ele diz ser o padrão para as outras nações.

Se isto é verdade, sugere então que o pior já passou, pois, de acordo com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, a renda per capita na China já ultrapassou essa cifra. Se as taxas de câmbio e o baixo custo de vida forem computados, a renda per capita chinesa pode estar próxima dos US$ 6 mil.

Mas o argumento de Zhang é contestável. Como inúmeros escândalos revelaram, muitas indústrias e governos locais sonegaram dados sobre poluição e emissões.

Muitas formas de poluição, controversas ou danosas, também não forma mensuradas – como é o caso do dióxido de carbono e de emissões de pequenas partículas. Ou então foram medidas, mas os dados não foram publicados, como é o caso do ozônio.

Zheng disse que o governo irá expandir seu sistema de monitoramento no próximo plano de cinco anos.

Fonte

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Império da Ilusão, do escritor Chris Hedges



Confira a entrevista com Escritor Chris Hedges

O entusiasmo que levou à Casa Branca, o primeiro presidente negro deu lugar a um sentimento de desconsolo. A política está dividida e paralisada, o que o escritor classifica como declínio cultural.

Segundo o escritor, os Estados Unidos estão ameaçados pelo fascismo da direita cristã. Barack Obama é apenas uma marca, vendida com a propaganda enganosa.

O escritor Chris Hedges afirma que os telejornais seguem uma fórmula, onde uma história não tem a ver com outra. Para ele, as notícias produzidas são informação de entretenimento.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Marina Silva e o Desenvolvimento Sustentável


”O crescimento dever ser um instrumento para o desenvolvimento”

Antes de subir no palco do Anfiteatro Pe. Werner da Unisinos, na tarde do último dia 27 de janeiro, para participar do 4º Seminário de Políticas Sociais, atividade organizada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, e integrada ao Fórum Social Mundial 2010, a senadora e pré-candidata à presidência da República pelo Partido Verde - PV, Marina Silva, aceitou conceder a entrevista que segue à IHU On-Line. Nela, ela fala sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte, sobre sua pré-candidatura à presidência, sobre o PV e o PSOL, sobre as prioridades para o Brasil, entre elas a proposta de melhor explorar o potencial ambiental do país, e sobre meio ambiente e sua relação com o crescimento econômico. Para a senadora, “é preciso requalificar essa história de crescimento pelo crescimento. O crescimento não é um fim em si mesmo. Ele é uma ferramenta, um instrumento para o desenvolvimento. E o desenvolvimento que nós advogamos é aquele que seja sustentável em todos os aspectos: econômico, ambiental, social e cultural”. Em sua palestra, Marina Silva falou ao lado do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, sobre o papel público das políticas na garantia dos direitos sociais.

Marina Silva está em seu segundo mandato no Senado Federal, com duração até 31 de janeiro de 2011. De janeiro de 2003 a maio de 2008, foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula, de onde saiu no dia 13 de maio de 2008. Atualmente, Marina Silva participa como membro titular das comissões de Meio Ambiente, e de Constituição e Justiça e preside a subcomissão temporária do Fórum das Águas das Américas e do Fórum Mundial das Águas. Graduada em História, foi também professora, líder estudantil, sindical, vereadora e deputada estadual, além de ter cursado pós-graduação em Psicopedagogia. A biografia de Marina Silva fez com que ela fosse escolhida pelo jornal britânico The Guardian, em 2007, uma das 50 pessoas em condições de ajudar salvar o planeta.

Confira a entrevista.