segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Marina Silva, um novo olhar sobre o Brasil


por Leonardo Boff

Erram os que pensam que a saída da senadora Marina Silva do PT obedece a propósitos oportunistas de uma eventual candidatura à Presidência da República. Marina Silva saiu porque possuía um outro olhar sobre o Brasil, sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo que identifica desenvolvimento com crescimento meramente material e com maior capacidade de consumo. O novo olhar, adequado à crescente consciência da humanidade e à altura da crise atual, exige uma equação diferente entre ecologia e economia, uma redefinição de nossa presença no planeta e um cuidado consciente sobre o nosso futuro comum. Para estas coisas a direção atual do PT é cega. Não apenas não vê. É que não tem olhos. O que é pior.

Para aprofundar esta questão, valho-me de uma correspondência com o sociólogo de Juiz de Fora e Belo Horizonte, Pedro Ribeiro de Oliveira, um intelectual dos mais lúcidos que articula a academia com as lutas populares e as Cebs e que acaba de organizar um belo livro sobre “A consciência planetária e a religião”(Paulinas 2009) Escreve ele:

“Efetivamente, estamos numa encruzilhada histórica. A candidatura da Marina não faz mais do que deixá-la evidente. O sistema produtivista-consumista de mercado teima em sobreviver, alegando que somente ele é capaz de resolver o problema da fome e da miséria – quando, na verdade, é seu causador. Acontece que ele se impôs desde o século XVI como aquilo que a Humanidade produziu de melhor, ajudado pelo iluminismo e a revolução cultural do século XIX, que nos convenceram a todos da validade de seu dogma fundante: somos vocacionados para o progresso sem fim que a ciência, a técnica e o mercado proporcionam. Essa inércia ideológica que continua movendo o mundo se cruza, hoje, com um outro caminho, que é o da consciência planetária. É ainda uma trilha, mas uma trilha que vai em outra direção”.

“Muitos pensadores e analistas descobriram a existência dessa trilha e chamaram a atenção do mundo para a necessidade de mudarmos a direção da nossa caminhada. Trocar o caminho do progresso sem fim, pelo caminho da harmonia planetária”.

“Esta inflexão era a voz profética de alguns. Mas agora, ela já não clama mais no deserto e sim diante de um público que aumenta a cada dia. Aquela trilha já não aparece mais apenas como um caminho exclusivo de alguns ecologistas mas como um caminho viável para toda a humanidade. Diante dela, o paradigma do progresso sem fim desnuda sua fragilidade teórica e seu dogma antes inquestionável ameaça ruir. Nesse momento, reunem-se todas as forças para mantê-lo de pé, menos por meio de uma argumentação consistente do que pela repetição de que “não há alternativas” e que qualquer alternativa “é um sonho”.

“É aqui que situo a candidatura da Marina. É evidente que o PV é um partido que pode até ter sido fundado com boas intenções mas hoje converteu-se numa legenda de aluguel. Ninguém imagina que a Marina – na hipótese de ganhar a eleição – vá governar com base no PV. Se eventualmente ela vencer, terá que seguir o caminho de outros presidentes sul-americanos eleitos sem base partidária e recorrer aos plebiscitos e referendos populares para quebrar as amarras de um sistema que “primeiro tomou a terra dos índios e depois escreveu o código civil”, como escreveu o argentino Eduardo de la Cerna”.

“Mesmo que não ganhe, sua candidatura será um grande momento de conscientização popular sobre o destino do Brasil e do Planeta. Marina Silva dispensará os marqueteiros, e entrarão em campanha os seguidores de Paulo Freire”.

“Esta é a diferença da candidatura Marina. Serra, do alto da sua arrogância, estimula a candidatura Marina para derrubar Lula e manter a política de crescimento e concentração de riqueza. Lula, por sua vez, levanta a bandeira da união da esquerda contra Serra, mas também para manter a política de crescimento e de concentração da riqueza, embora mitigada pelas políticas sociais”.

“Marina representa outro paradigma. Não mais a má utopia do progresso sem fim, mas a boa utopia da harmonia planetária. A nossa visão não é restrita a 2010-2014. Estamos mirando a grande crise de 2035 e buscando evitá-la enquanto é tempo ou, na pior das hipóteses, buscar alternativas ao seu enfrentamento.

É por isso, por amor a nossos filhos, netos e netas, temos que dar força à candidatura da Marina. E que Paulo Freire nos ajude a fazer dessa campanha eleitoral uma campanha de educação popular de massas”.

Digo eu com Victor Hugo:”Não há nada de mais poderoso no mundo do que uma idéia cujo tempo já chegou”.

Leonardo Boff é teólogo e autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.

EcoDebate, 31/08/2009

sábado, 29 de agosto de 2009

O Atleta Vegetariano



Artigo de Priscila Di Ciero – Nutricionista
Nutricionista paulistana formada em 2001, Priscila Di Ciero é especialista em nutrição esportiva, com cursos de extensão em nutrição funcional, estética e suplementação. Atuou em diversas academias, clínicas médicas e centros estéticos da capital paulista. É membro do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira e tem vasta experiência em atendimento a vegetarianos, além de ministrar aulas/palestras sobre o tema para nutricionistas, estudantes de nutrição e demais interessados. Atualmente, presta consultoria a restaurantes, escolas e empresas, além de atender em consultório e, quando necessário, nas residências dos clientes. Profissional sempre em busca de atualizações, Priscila é diretamente implicada e comprometida com o sucesso do tratamento e bem estar de seus clientes. Visite o site dela em www.prisciladiciero.com.br

O consumo de dietas vegetarianas tem sido associado a muitos benefícios à saúde, incluindo menores taxas de mortes por doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de câncer (GIOVANNUCCI et. al., 1994; THOROGOOD et al., 1994; FRASER et al., 1995) e baixo risco de dislipidemia, hipertensão e obesidade (APPLEBY et al., 1995). De modo similar, os benefícios múltiplos de dietas vegetarianas sobre a melhora da aptidão física e da performance têm sido analisadas ao longo dos anos.

HANNE et al (1986) demonstraram não existir diferenças significativas nas variáveis: aptidão física, antropométricas, metabólicas (incluindo capacidade aeróbia e anaeróbia), força, função pulmonar e níveis séricos de proteína e hemoglobina entre atletas ovo-lacto-vegetarianos, lacto-vegetarianos e vegetarianos. Esses resultados corroboram os apresentadados por RABEN et al. (1992) que demonstraram não haver diferenças na performance física de atletas de resistência quando estes são alimentados com dietas vegetarianas ou não vegetarianas durante um período de 6 semanas.

Os valores hematológicos, antropométricos e metabólicos de mulheres vegetarianas fisicamente ativas foram comparados aos de mulheres não vegetarianas fisicamente ativas. Embora as vegetarianas tivessem valores de glicose sanguínea e colesterol significativamente menores, não houve diferença entre os grupos na capacidade cardio-respiratória submáxima ou máxima e no eletrocardiograma durante teste progressivo em esteira (NIEMAN et al., 1989).

A nutrição representa um determinante crítico da resposta imune, e dados epidemiológicos sugerem que deficiências nutricionais alteram a imunocompetência e aumentam o risco de infecções. RICHTER et al (1991) demonstraram que a função imune de atletas que consomem uma dieta rica em proteína animal, é similar à de atletas que consomem uma dieta lacto-ovovegetariana.

Alterações Hormonais
Alguns estudos sugerem que uma proporção significativa de atletas amenorréicas são vegetarianas (ROSE et al., 1991; PEDERSEN et al., 1991). No entanto, existe evidência crescente de que a baixa ingestão energética, e não a qualidade da dieta, é a principal causa de oligomenorréia em atletas e que, o equilíbrio positivo, normaliza o perfil hormonal e a menstruação. O esforço para manter ciclos menstruais normais deve incluir ingestão maior de alimentos energéticos e gorduras, redução de fibras e do treinamento extenuante (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997).

Proteína
Geralmente as dietas vegetarianas fornecem uma menor quantidade de proteína que as dietas não-vegetarianas. Embora a qualidade da proteína de dietas vegetarianas seja adequada para os adultos, as proteínas vegetais não são tão bem absorvidas como as proteínas animais. Assim, essa regulação pode ser feita aumentando-se em 10% a quantidade protéica consumida.

Portanto, a recomendação de ingestão para atletas vegetarianos é cerca de 1,3 a 1,8g/ Kg de peso corporal (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). Embora as dietas vegetarianas sejam mais pobres em proteínas totais, a ingestão de proteínas tanto em ovo-lacto-vegetarianos quanto em vegans parece ser adequada (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). A adequada ingestão calórica é um importante fator para se suprir as necessidades diárias de proteínas em atletas.

Creatina
A suplementação com creatina foi sugerida como recurso ergogênico para atletas que realizam sessões repetidas de exercícios de alta intensidade e curta duração. Indivíduos vegetarianos, quando comparados aos nãovegetarianos, apresentam menores níveis plasmáticos de creatina (DELANGHE et al., 1989), porém, isso não reflete diminuição de seu conteúdo muscular. Em estudo com indivíduos vegetarianos, os níveis teciduais de creatina estão dentro do normal (115 mmol/Kg).

Um estudo randomizado e duplo-cego foi incapaz de verificar qualquer efeito da creatina sobre a potência física de atletas vegetarianos (CLARYS ET al., 1997). SHOMRAT e colabores (2000) suplementaram creatina em vegetarianos e onívoros por uma semana, e a performance no teste anaeróbio de Wingate foi determinada antes e após essa suplementação. Os resultados mostraram que ambos tiveram maior massa muscular e média de força máxima durante os testes. Porém, o pico de força máxima foi significantemente maior pela suplementação nos onívoros. Concluiu-se que a ingestão de creatina responde similarmente no aumento da média de força máxima durante exercício máximo e curto. É possível que os níveis de creatina (e de fosfocreatina) muscular antes da suplementação eram similares em ambos grupos.

Vitaminas e Minerais

A absorção de alguns nutrientes pode ser potencialmente inibida em dietas vegetarianas pela presença de dois antinutrientes: fitato (grãos), tanino (chás) e fibra alimentar (principalmente as insolúveis). Mas os alimentos vegetais também contêm substâncias que aumentam a absorção dietética do ferro, como a vitamina C e o ácido cítrico que são encontrados em frutas e vegetais (CRAIG, 1994; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997).

Atletas vegetarianos podem desenvolver deficiências pela baixa ingestão de vitaminas B12 e D, riboflavina, ferro, cálcio e zinco, já que boas fontes destes nutrientes são encontrados em alimentos de origem animal (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). A deficiência da vitamina B12 nos vegetarianos foi acompanhado pelo aumento da suscetibilidade de algumas infecções (TAMURA et al., 1999).

Como a necessidade de vitamina B12 é pequena e ela é tanto armazenada quanto reciclada no corpo, os sintomas da deficiência podem demorar anos para aparecer. A absorção de vitamina B12 torna-se menos eficiente conforme o corpo envelhece, e assim, os suplementos podem ser aconselhados para todos os vegetarianos mais velhos (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997).

O ferro, em particular, é um nutriente preocupante, já que em dietas vegetarianas a sua biodisponibilidade é baixa (AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION, 1997). Entretanto, um estudo realizado com mulheres australianas, mostrou que não houve diferença significativa na ingestão de ferro total e que a concentração sérica de ferritina menor que 12_g/L (indicadora de baixa reserva de ferro) foi encontrada similarmente entre os dois grupos. A concentração de hemoglobina não foi significantemente diferente (BALL & BARTLETT, 1999). A presença da anemia em vegetarianos é rara (NIEMAN et al., 1989).

Considerações Finais
A posição da American Dietetic Association (ADA) é que as dietas vegetarianas apropriadamente planejadas são saudáveis, adequadas em termos nutricionais e apresentam benefícios para a saúde na prevenção e no tratamento de determinadas doenças.

Dietas vegetarianas também podem atender à necessidade de atletas competitivos. As dietas vegetarianas que atendem às necessidades energéticas e incluem boas fontes protéicas (por exemplo, alimentos á base de soja, feijões) podem fornecer quantidade adequada de proteína sem o uso de suplementos especiais ou suplementos.
Aconselha-se que os profissionais de saúde estejam sempre atualizados para fornecer orientações aos vegetarianos de modo a maximizar os benefícios e minimizar os problemas nutricionais que as dietas vegetarianas possam trazer.

Referências Bibliográficas
1. POSITION OF THE AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION: VEGETARIAN DIETS. J Am Diet Assoc,. 97:1317-1321, 1997.
2. APPLEBY, PN et al. Journal of Human Nutrition diet, 8:305-314, 1995.
3. BALL, MJ & BARTLETT, MA. American Journal Clinical Nutrition, 70:353-8, 1999.
4. CRAIG, WJ. American Journal Clinical Nutrition, 59(suppl):1233S-7S, 1994.
5. FRASER, GE et. al. American Journal of Epidemiology, 142:746-758, 1995.
6. GIOVANNUCCI, E. et al. Cancer Research, 54:2390-2397, 1994.
7. HANNE, N et al. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 26:180-185, 1986.
8. RABEN, A. et al. Medicine Science Sports Exercise, 24:1290-1297, 1992.
9. RICHTER, EA et al. Medicine Science Sports Exercise, 23:517- 521,1991.
10. ROSE, DP et al. American Journal of Clinical Nutrition, 54:520-525, 1991.
11. NIEMAN, DC et al. International Journal of Sports Medicine, 10:243-250, 1989.
12. PEDERSEN, AB et al. American Journal of Clinical Nutrition. 53:879-885, 1991.
13. TAMURA, J et al. Clin Exp Immunol, 116:28-32, 1999.
14. THOROGOOD, M et al. British Medical Journal, 308:1667-1670, 1994.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Deputados vetam emenda da MP 462 que dispensava rodovias de licenciamento ambiental


Manaus, Brasil — Com o enterro do artigo da MP 462, a BR-319 volta a obedecer aos procedimentos de licenciamento vigentes há pelo menos duas décadas.

A MP 462, votada em 19/06, continha uma perigosa “emenda contrabando” que dispensaria a BR 319, assim como outras rodovias federais incluídas no Plano Nacional Viário, de licenciamento ambiental. Por 193 votos contra 164 o artigo foi retirado do texto da MP, que trata de apoio financeiro aos municípios. Essa foi a segunda tentativa de aprovar a medida. A primeira foi feita por meio da MP 452 que, de tão polêmica, perdeu a validade antes de ser votada pelo Senado.

“Essa emenda foi parte de uma estratégia para viabilizar a construção da BR 319 a qualquer custo. O licenciamento ambiental é um ponto forte da legislação ambiental brasileira e não pode ser anulado em prol de projetos políticos.”, disse Raquel Carvalho, ecóloga do Greenpeace. Desde junho, o licenciamento da BR-319, um dos principais projetos do PAC, está suspenso, aguardando que o estudo de impacto ambiental (EIA) seja complementado conforme exigido pelo IBAMA. Somente após nova análise do EIA, o processo será retomado.

Para pavimentar da BR-319 e fortalecer sua candidatura ao governo do Amazonas, o Ministro Alfredo Nascimento vem usando todas as estratégias possíveis. Em 2005, tentou iniciar as obras sem estudo de impacto. Com a obrigatoriedade de licenciamento, passou a atacar o Ministério do Meio Ambiente e buscar novas maneiras de emplacar seu projeto. “Essa importante vitória para a Amazônia só não será comemorada pela bancada do Amazonas no Congresso que, exceto por um único parlamentar, votou em peso pela aprovação da medida”, completa Raquel.

Fonte: Greenpeace

Ioga para crianças


Garotas têm aula de ioga em Caracas, numa escola na capital da Venezuela, nesta quinta-feira. Assim quem sabe a criançada amplia a consciência para evitar "cair" nas garras do chavismo.

Veja online.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Projeto Bem Estar Animal de Florianópolis 'exporta' programa de castração para cães


Florianópolis esteriliza 25 animais por dia e tem 1,5 mil outros na fila de espera para o procedimento. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde da cidade, 20 mil procedimentos foram realizados como estratégia de controle da superpopulação de cães desde 2005, quando o programa de esterilização canina começou na cidade.

O sucesso da ação levou a coordenadora do projeto Bem Estar Animal, Maria das Graças Dutra, a receber representantes de outras cidades do país para conhecer de perto o programa. "As pessoas não sabem como resolver o problema da superpoluação de cães em suas cidades. A nossa forma de controlar a população canina virou modelo para outras administrações municipais. Já estive em Santa Maria (RS), Canoas (RS), Porto Alegre, Niterói (RJ), Jundiaí (SP) e Juiz de Fora (MG) apresentando o projeto."

Na semana passada, o prefeito Herótodo Bento de Mello, de Nova Friburgo (RJ), visitou a cidade de Florianópolis para conhecer o projeto Bem Estar Animal. "Este é um bom exemplo de como resolver esta questão de forma correta e respeitando a vida. Estou aqui para aprender e copiar", disse o administrador carioca.

O secretário de Saúde de Florianópolis, João Candido da Silva, afirmou que a cidade optou por não exterminar os animais vivos. "O foco passou a ser o controle da população de cães por meio de cirurgias gratuitas de castração, além da realização de campanha de educação de jovens sobre o assunto, nas escolas."

Maria das Graças disse que um casal fértil de cães é capaz de gerar 67 mil descentes em seis anos (período médio considerado como produtivo) e 60 filhotes diretos. Ela citou dados da World Society for the Protection of Animals(WSPA), segundo a qual são registrados 15 nascimentos de cães e 30 de gatos para cada humano no mundo.


"O programa catarinense atende donos de cães de baixa renda e o animal é retirado de casa e levado de volta, sem custo. Até mesmo o número de acidentes com cães, seja atropelamentos ou até mesmo ataques contra as pessoas, foi reduzido após o trabalho de castração", disse ela.

Sem preconceito - "Quebramos o tabu de que castração é ruim para o cachorro. O que fazemos em Florianópolis agrega a sociedade. Fazemos controle de zoonose com esterilização e o segredo do nosso sucesso é que isso é feito em ritmo constante", afirmou Maria das Graças.

Segundo ela, a média de 25 cirurgias por dia é o número de procedimentos indicado para uma população de 400 mil de habitantes. "Pretendemos aplicar microchip em todos os cães da cidade em até três anos e meio. Para isso, contamos com cerca de 400 voluntários, que cadastram os animais da cidade."

Maria das Graças disse que não exagera quando diz que vai esterilizar todos os cães da cidade. "Temos uma fila de espera de 1,5 mil cães para a esterilização. E essa fila nunca diminui. Antes, nós que procurávamos os donos de cães para esse tipo de trabalho. Hoje, são eles que nos procuram."

Ela afirmou que a população está consciente da importância do controle de zoonoses. "Os cães que circulam na cidade têm donos e são identificados."

Fonte: Portal G1

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Expansão pecuarista incentiva desmatamento


(O líder comunitário Raji Anis observa a desolação do lugar onde antes vivia, a área agora será utilizada para o plantio da palma)

Segundo o Greenpeace o setor de derivados de leite da Nova Zelândia está incentivando a destruição de florestas tropicais no Sudeste Asiático ao utilizar o bagaço de sementes de palmas para a alimentação dos rebanhos.

A expansão do plantio de palmas em países como Malásia e Indonésia com o objetivo de extrair óleo para biocombustíveis já é alvo de criticas de ambientalistas há alguns anos. Agora, o Greenpeace alerta que o aumento da utilização do bagaço das sementes das palmas (palm kernel) para a alimentação do gado da Nova Zelândia está sendo mais um incentivo para o desmatamento de florestas tropicais.

Segundo a ONG, o gado neozelandês consome um quarto de todas as sementes de palmas vendidas no mundo, o equivalente a 1,1 milhão de toneladas, a um custo de US$ 204 milhões. O país só fica atrás da União Européia como maior consumidor.

Para o Greenpeace, o grande vilão é a empresa Fonterra, que possui 95% das fazendas de leite e derivados da Nova Zelândia e é a maior fornecedora mundial do setor.

“É um escândalo que a Fonterra esteja alimentando seus animais com um produto que está contribuindo diretamente para a destruição das florestas e assim agravando às mudanças climáticas. O governo deveria impedir a importação de sementes de palma”, afirmou o ativista Simon Boxer, do Greenpeace da Nova Zelândia.

Segundo o porta-voz do grupo de Fazendas Federadas da Nova Zelândia, John Hartnell, o bagaço da semente de palma é um produto residual, resultante do esmagamento da semente para a produção de óleo, que se não fosse utilizado para a alimentação do gado acabaria sendo apenas queimado pelos agricultores.

Por sua vez, os ambientalistas argumentam que as fazendas utilizam as sementes como um substituto barato para os grãos produzidos na Nova Zelândia, que são de baixo impacto para o meio ambiente.

Em defesa da Fonterra, o porta-voz da empresa, John Hutchings, respondeu à acusação alegando que apenas 1% da alimentação dos animais seria formada pelas sementes das palmas, o restante em sua maioria é pasto comum.

De qualquer forma, o consumo do produto cresceu exponencialmente na última década na Nova Zelândia, passando de apenas 400 toneladas em 1999 para 1,1 milhão de toneladas em 2008.

“Mais de 1,5 milhão de hectares de palmas foram plantadas em áreas de florestas tropicais na Malásia e Indonésia para conseguir suprir a demanda em 2008. Para piorar, nenhum dos importadores da Nova Zelândia atende os padrões de sustentabilidade acertados pelo Roundtable on Sustainable Palm Oil”, explica em nota o Greenpeace.
Testemunhas

Para dar mais força à sua acusação, membros do Greenpeace fizeram uma jornada pelo interior da Indonésia acompanhados por um fazendeiro neozelandês e um jornalista independente.

O grupo percorreu centenas de quilômetros e visitou um centro de ajuda aos animais que ficaram sem seus habitats devido à devastação das florestas. O diretor do centro afirmou que restam apenas mais dois anos para evitar a perda total do habitat dos orangotangos, por exemplo.

Depois, viajaram até áreas que foram recentemente desmatadas para o plantio de palmas, onde foram recebidos por dois líderes de comunidades locais. De pé sobre o solo queimado, os líderes contaram como o governo comprou suas terras, desmatou, ateou fogo e já prepara para o plantio das palmas. A companhia responsável pela terra agora é a Duta Palm, uma das forncedoras da Fonterra.

“Isto simplesmente não está certo”, teria dito o fazendeiro que acompanhava o grupo da ONG, Max Pumell, ao ver a desolação.

As florestas da Indonésia estão sendo destruídas em um ritmo mais rápido do que qualquer outra no planeta. O desmatamento e as queimadas são os grandes responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa do país, que é o terceiro maior emissor mundial, ficando atrás apenas da China e dos EUA.

(CarbonoBrasil)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Vegetarianismo pode proteger contra o câncer, aponta estudo


Um estudo publicado em junho no British Journal of Cancer indica que os vegetarianos correm menos risco de desenvolverem câncer. De acordo com os especialistas da Cancer Research UK, no Reino Unido, a opção pelos vegetais, abandonando o consumo de carnes vermelhas, reduz em 12% os riscos de desenvolver câncer de qualquer tipo, e pode reduzir em até 45% as chances de alguns tipos específicos da doença.

Os resultados foram baseados na análise de 61 mil pessoas – 32,4 mil comedores de carne; 8,5 mil que não comiam carne, mas ingeriam peixes; e 20,6 mil vegetarianos – monitoradas por até 12 anos, que registrou 3350 casos de câncer. Entre esses, 2204 casos ocorreram entre aqueles que comiam carnes vermelhas, 317 ocorreram naqueles que consumiam peixe no lugar da carne, e 829 foram registrados nos completamente vegetarianos.

De acordo com os autores, os efeitos protetores do vegetarianismo e do consumo de peixe no lugar da carne vermelha eram maiores para cânceres do sangue, como leucemia, mieloma e linfoma.

Os pesquisadores acreditam que esses efeitos da dieta no risco de câncer podem ocorrer devido aos altos níveis de vitaminas antioxidantes encontradas em frutas, verduras, legumes, grãos e sementes, que podem ter propriedades anticâncer. Além disso, os vegetarianos evitariam a exposição a conservantes, como nitritos, comumente utilizados em produtos de origem animal, e associados ao risco de câncer.

Apesar dos resultados, indicando benefícios da dieta vegetariana, vale lembrar que alguns estudos mostram que os completamente vegetarianos podem ter ossos mais fracos do que aqueles que comem produtos de origem animal, aumentando suas chances de osteoporose e fraturas mais tarde. Por isso, mais estudos são necessários para indicar riscos e benefícios dessa dieta.

Fonte: British Journal of Cancer. 16 de junho de 2009.

domingo, 23 de agosto de 2009

“Fui preso por defender minha reserva de mata atlântica”


O baiano Norberto Hess foi preso ao tentar defender sua reserva ambiental particular dos tratores da companhia elétrica do Estado. Isso aconteceu na semana passada, no município de Maraú. Hess, ex-secretário do Meio Ambiente da cidade, foi parar na delegacia ao tentar impedir que a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) derrubasse irregularmente parte da floresta que compõe sua reserva particular.

Na foto acima, Hess está algemado na entrada de sua propriedade, onde fica a reserva particular de patrimônio natural (RPPN) que ele tentava defender. Abaixo, a imagem de um dos tratores da Coelba derrubando a floresta dentro da reserva.


Desde 2006, a Coelba e Hess vêm negociando a área que, segundo a companhia elétrica, precisa ser derrubada para a passagem de uma linha de transmissão de energia na região. Essa linha visa à expansão do sistema elétrico da região de Itacaré e da Península de Maraú. Para a Coelba, a obra é importante por se tratar de uma área de grande apelo turístico e que, segundo ela, já teria sido declarada pela Agência Nacional de Energia Elétrica como linha de utilidade pública.

Só que para levar a energia a essa região, parte da Reserva Particular do Patrimônio Natural Jureana, na qual Hess protege o que sobrou da mata atlântica baiana, precisaria ser desmatada. Hess tentou, mas a Coelba disse que um desvio na rota de 3 ou 4 quilômetros seria economicamente inviável. E, segundo Hess, a companhia não estaria disposta a negociar alternativas.

A Coelba alega que um estudo ambiental da área foi submetido ao Ibama e à Secretaria de Meio Ambiente do Estado da Bahia e que nenhuma irregularidade foi notificada. A partir disso, foi determinado que uma faixa de 15 metros seria desmatada na reserva de Hess. O proprietário, no entanto, afirma que no processo não há nenhum documento que confirme a licença ambiental do Ibama ou outro órgão. Ainda assim, Hess teria autorizado a intervenção nos 15 metros. Segundo ele, os funcionários da Coelba também passaram desse limite delimitado. A Coelba, em resposta a ÉPOCA, nega.

“Meu advogado afirmou que meu direito e dever legal era defender a reserva”, disse Hess. “Em alguns pontos, os 15 metros não foram respeitados, caracterizando invasão à minha propriedade. Parei as máquinas me colocando à frente delas, para negociar uma faixa sem a necessidade de derrubar a vegetação nativa. A Coelba não quis conversa e sentindo-se amparada pela decisão judicial, acionou a polícia que me algemou e me levou à delegacia de Maraú, como se eu fosse um criminoso.”

Biólogos estiveram na reserva e confirmaram a presença de macuquinhos baianos, uma ave rara e ameaçada de extinção. A ONG BirdLife estima que existam de 50 a 250 indivíduos no país. Segundo Hess, já foram confirmadas cinco dessas aves em sua fazenda. Mais seis outras espécies de aves com algum nível de ameaça também foram identificadas lá pelos pesquisadores. Além de outras espécies ameaçadas, como o preguiça-de-coleira, macaco-prego-do-peito-amarelo e o bugio.

Fonte: Época

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

1ª Mostra Internacional de Cinema pelos Direitos dos Animais


A 1ª Mostra Internacional de Cinema pelos Direitos dos Animais exibirá filmes brasileiros e pela primeira vez em sala de cinema em Curitiba. O documentário longa-metragem Terráqueos (Earthlings), produção independente que tem como narrador o ator Joaquin Phoenix. Também está confirmada a exibição do título estrangeiro Uma verdade mais que inconveniente (Meat the Truth), documentário sobre o aquecimento global apresentado pela deputada do 1º Partido pelos Animais nos Países Baixos, Marianne Thieme.

Foram convidadas para a Mostra pessoas da área de proteção ambiental e animal, como a ativista Nina Rosa e a cantora Patrícia Marx; Solange Stecz e o documentarista Eduardo Baggio integraram a comissão para seleção dos filmes inscritos.

“A intenção da Mostra vai muito além de falar sobre vegetarianismo. Falaremos sobre meio ambiente, debatendo a intervenção humana, seus impactos, possíveis soluções para a sustentabilidade e respeito aos seres vivos. O vegetarianismo é uma consequência dessa reflexão.” Diz Bianca Dantas, empreendedora do projeto.

A Mostra acontecerá nos dias 29 e 30 de agosto na Cinemateca com programações de filmes e debates sobre cinema ativista e direito animal a partir das 15h.

Mais informações poderão ser encontradas no blog: www.mostraanimal.blogspot.com

Serviço:
1ª Mostra Internacional de Cinema pelos Direitos dos Animais
Dias: 29 e 30 de agosto - filmes e debates a partir das 15h

Cinemateca
Rua. Pres. Carlos Cavalcanti, 1174
Mais Informações
(41)3019-8857/3013-4163

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Diretor do Greenpeace diz que SC assassinou legislação ambiental


Fabrício Ângelo, da EnvolverdeA plenária que debateu as tentativas de alterações no Código Florestal Brasileiro, durante o I Congresso da Abema, mesmo sem contar com a presença da senadora Kátia Abreu (DEM), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que desistiu na última hora, teve ares de batalha. Sérgio Leitão, diretor de campanhas do Greenpeace, questionou a intenção de estados e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) em alterar a competência do licenciamento ambiental. “Os estados tem um papel a cumprir, mas algumas coisas, como o licenciamento e fiscalização correm o risco de se tornarem moedas de troca política”, disse.

Segundo Leitão, muitos dos que propõe essas mudanças tem a intenção de fragilizar a atual legislação, abrindo espaço para mais degradação. “A bancada ruralista, principal interessada nessas alterações, representa um setor da economia que mais recebe subsídios do governo, e não é pouco, então para eles quanto mais, melhor!”, lamentou.

O dirigente da ONG aproveitou o momento para criticar o governo de Santa Catarina, acusando-o de ter “assassinado” sua legislação ambiental. “Se Santa Catarina fez isso, imagine os estados menos articulados com a preservação”, acusando o estado sulino de ter já ter destruído quase tudo o que tinha e de querer acabar de vez com o que sobrou.

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

De quanto espaço físico iremos precisar?


“Qual a disponibilidade de terras para ampliar a produção de alimentos e energia, para a reforma agrária, para o crescimento das cidades e a instalação de obras de infra-estrutura no Brasil?” Para responder essa pergunta a Embrapa desenvolveu um estudo de monitoramento que mostrou que menos de 30% do país seriam passíveis de ocupação econômica urbana, industrial e agrícola, sem maiores restrições legais.

A pesquisa avaliou, pela primeira vez, o alcance territorial da legislação ambiental e territorial em todo o país. Uma grande quantidade de áreas foram destinadas à proteção ambiental e ao uso territorial exclusivo de populações minoritárias nos ultimos anos, na maior parte dessas iniciativas não foi estudado o seu real alcance territorial.

No desenvolvimento da pesquisa, a Embrapa estruturou um sistema de gestão territorial com base em dados de satélite, cartografia digital e banco de dados numéricos, passível de atualizações, cujos resultados numéricos e cartográficos, assim como alguns cenários de alcance territorial dos complexos dispositivos definindo as Áreas de Preservação Permanente obtidos são apresentados no site da própria empresa. Um subsídio inédito para os formuladores de políticas públicas a nível federal, estadual e municipal.

Os resultados apontaram para uma distância crescente entre legitimidade e legalidade no uso e ocupação atual das terras. Mas além disso, para o futuro, existem novas e enormes demandas territoriais por parte dos mais diversos setores.

A pesquisa pretende encontrar uma solução para este desafio de ordenamento e planejamento territorial por meio deste sistema que cartografa, calcula e estima a abrangência geográfica dos diversos dispositivos legais com alcance territorial em cada bioma e estado do Brasil.

Publicado aqui!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Outro Mundo Verde



Esse vídeo explora a viabilidade e a necessidade da economia "verde" e os métodos para iniciá-la nas grandes cidades. Kevin Danaher é um anti-globalizador ativista, e co-fundador do "Global Exchange", e produtor executivo dos "Green Festivals". Os "Green Festivals" são festivais que acontecem anualmente em 4 grandes cidades para promover ideias e produtos ecológicos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Alimentos orgânicos ou convencionais? Você escolhe


O consumo de alimentos sem aditivos químicos, os chamados orgânicos, aumenta na mesma medida da preocupação do brasileiro com os efeitos sobre a saúde de pesticidas, hormônios de crescimento, antibióticos e outros produtos químicos mais usados por agricultores. No entanto, não é apenas isso que seduz os brasileiros. Além de se relacionarem à qualidade de vida, os produtos orgânicos têm forte apelo ecológico.

Geralmente os produtores desses alimentos preocupam-se em preservar o local onde os mesmos são cultivados. As nascentes de água são protegidas, as áreas desmatadas são reflorestadas, os animais e vegetação nativos são preservados e não se faz uso de queimadas. Por tudo isso, é cada vez maior o contingente de pessoas que buscam por esse tipo de alimentação especial. Para se ter uma idéia, há quatro anos atrás a produção agrícola brasileira de orgânicos era praticamente insignificante. Hoje esses alimentos já respondem por mais de 2% de toda produção e de acordo com o International Trade Center, no Brasil o mercado está expandindo ao ritmo de 40% ao ano.

Alimentos orgâncos X alimentos convencionais

O emprego de aditivos tóxicos para elevar a produtividade das lavouras é muito antigo. No ano 3000 a.C., manuscritos chineses já indicavam o uso de arsênico e de enxofre para matar pragas na lavoura. Entretanto, os agrotóxicos industriais somente começaram a ser utilizados durante a Segunda Guerra Mundial. De acordo com a maioria dos especialistas, a aplicação controlada de fertilizantes, defensivos agrícolas e outros produtos químicos não causa danos à saúde, não existindo pesquisas científicas conclusivas que atestem que a ingestão dessas substâncias em pequenas doses através dos alimentos, causem males à saúde.

No entanto, o que preocupa esses mesmos especialistas é o uso indevido e/ou abusivo desses produtos químicos por parte dos produtores, o que pode causar efeitos crônicos a longo prazo, como determinados tipos de câncer, diminuição da fertilidade (redução do número de espermatozóides) e até a má formação de fetos (esses efeitos foram observados em pessoas expostas a agrotóxicos, em sua maioria agricultores).

De acordo com o Instituto Biológico de São Paulo, o uso de agrotóxicos no Brasil inspira cuidados. Análises realizadas com o objetivo de medir a quantidade de defensivos agrícolas em vegetais, mostrou que os alimentos recordistas em resíduos são o morango e o tomate. Além disso, verificou-se casos de aplicação de pesticida em culturas para as quais o produto não foi autorizado. Por tudo isso, o Brasil foi incluído num relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como um país onde há exagero no uso de agrotóxicos.

Na agricultura orgânica, essas substâncias químicas passam longe. Em vez de utilizar fertilizantes artificiais, os produtores usam geralmente estrume esterilizado, farinha de peixe, de osso, humus de minhoca, adubo composto (que é produzido através de lixo orgânico), entre outros. Para controlar pragas e insetos, os agricultores lançam mão do controle biológico, ou seja, a utilização de insetos predadores, microorganismos e plantas que podem arrasar com pulgões, lagartas e moscas que atacam as plantações. As joaninhas, por exemplo, são inimigas dos pulgões, a bactéria Bacillus thuringiensis (BT) aniquila a lagarta da couve e plantas como o alecrim, calêndula e alfavaca-do-campo inibem, respectivamente, o aparecimento das bruxas da couve, do mosquito da ferrugem da cenoura e das cigarrinhas que atacam os feijões.

Vantagens e desvantagens dos orgânicos

Há apenas poucos anos, os alimentos orgânicos só podiam ser encontrados em lojas de produtos naturais ou em mercados e feiras de pequenos agricultores. Hoje, já é possível encontrá-los em grandes redes de supermercados, sendo comercializados junto a outros produtos convencionais. Além de alimentos de amplo consumo, como arroz, feijão, frutas, hortaliças, a agricultura orgânica está produzindo um pouco de tudo: desde erva-mate, castanha de caju, guaraná, até chocolate, vinhos e carnes, frangos e ovos que não contém nenhum tipo de hormônio.

Além de serem isentos de agrotóxicos, os alimentos orgânicos tendem a ser mais saborosos que os tradicionais. O brócolis, o morango e o tomate, por exemplo, teriam um sabor muito mais pronunciado que aqueles cultivados normalmente. Há quem diga que a carne de galinha, porco e boi que se alimentam ao ar livre (criados sem confinamento) e não recebem hormônios de crescimento também têm sabor diferente, em comparação com os criados “industrialmente”. Em geral, seriam carnes mais magras e mais saborosas.

Outro ponto que tem sido objeto de muita investigação, e que seria mais uma vantagem dos orgânicos, seria o fato desses alimentos apresentarem vantagens nutricionais. Embora ainda exista muita discussão a respeito desse assunto e não haja consenso científico sobre o tema, existem vários estudos sendo realizados na tentativa de provar que os produtos livres de agrotóxicos são também mais nutritivos que os convencionais.

Mesmo sabendo que a genética da planta, o clima, a irrigação e a época da colheita têm um impacto muito maior no conteúdo nutricional do que o tipo de fertilizante usado, natural ou artificial, existem estudos como o realizado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), em Botucatu, mostrando que cenouras cultivadas sem agrotóxicos têm uma maior durabilidade (tempo de conservação é maior) e apresentam maiores teores de vitamina A e betacaroteno.

Outro estudo, este realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), irá comparar os teores de carotenóides de cenouras e alfaces plantados sem pesticidas no cinturão verde de São Paulo com aqueles cultivados de modo convencional. A intenção é utilizar amostras que vêm direto do produtor, já que de acordo com os pesquisadores as análises com amostras cultivadas em hortas experimentais não refletiriam necessariamente a realidade das plantações.

As duas principais “desvantagens” dos alimentos orgânicos dizem respeito à aparência e ao custo. Por serem cultivados naturalmente, geralmente esses alimentos tendem a ser menores e ao mesmo tempo, alguns também podem apresentar manchas na casca devido aos ataques de insetos. A cor também pode não ser uniforme e tão intensa quanto a alcançada através da utilização de corantes ou ceras (o que é feito em alimentos convencionais).

Por isso, sempre que você observar frutas e hortaliças perfeitos, brilhantes, sem um mínimo defeito, pode ter certeza que nesse alimento houve aplicação de agrotóxico. Já os preços, geralmente um pouco mais altos do que os convencionais, é tido como um empecilho para que boa parte da população tenha acesso a essa alternativa saudável. De acordo com os entendidos, os preços só devem diminuir quando a produção e o consumo aumentarem, mas já existem pesquisas mostrando que sete em cada dez pessoas pagariam até 30% a mais por produtos sem aditivos químicos, desde que não houvesse dúvidas sobre sua procedência (pesquisa do Instituto Gallup).

Como saber se um alimento é orgânico?


Se você pretende consumir alimentos orgânicos fique atento para não ser enganado. Procure sempre pelo selo de qualidade emitido por certificadoras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura. São entidades como a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), o Instituto Biodinâmico (IBD), entre outros. Essas entidades, ao todo cerca de 30 em todo Brasil, avaliam se a produção do alimento segue os critérios estabelecidos pela agricultura orgânica. Para ganhar o selo, os produtores seguem várias precauções e têm suas lavouras fiscalizadas de seis em seis meses. A presença do selo garante, portanto, a procedência e a qualidade dos produtos.


Jocelem Salgado - Profª. Titular em Nutrição LAN/ESALQ/USP/Campus, Piracicaba

(e-Campo orgânicos)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Compra local


(Cerejas direto do fazendeiro)

Uma bandeira que se torna cada vez mais forte aqui nos EUA, mas ainda não sensibiliza ninguém aí no Brasil, é a campanha para comprar produtos locais. Por todo lado por aqui se vê cartazes “buy local”, “locally grown”, “locally produced”, “locally owned” – os comerciantes, agricultores e proprietários de empresas fazem questão de anunciar que vivem na comunidade onde trabalham. E muitos consumidores fazem questão de serem fregueses desse pessoal, como uma forma de incentivar o empreendedorismo e não mandar o seu dinheiro para longe de casa.

Li outro dia numa reportagem do jornal SF Guardian, de San Francisco, que os produtos locais estão fazendo tanto sucesso que até as grandes redes estão falsamente apelando para o marketing do “local” como uma forma de atrair fregueses. A livraria Barnes & Noble, maior vendedora de livros do mundo, adotou o slogan “toda livraria é local”. A rede de supermercados Wal-Mart colocou cartazes com a palavra “local” perto dos legumes e verduras. O HSBC, um banco internacional gigantesco, apelidou-se de “o banco local do mundo”. O Conselho Internacional de Shopping Centers começou uma campanha nacional para as pessoas comprarem de negócios locais – isso é, do shoping center do seu bairro.

O fato é que “comprar local” não significa ir para a loja local de uma grande cadeia – significa gastar seu dinheiro numa pequena empresa cujo dono mora perto de você. Ao fazer isso, você garante que o dinheiro ficará no seu bairro. Ou seja, você acaba sendo indiretamente favorecido. Aqui nos EUA, calcula-se que 45 a cada 100 dólares gastos em negócios locais ficam na comunidade. Muito mais do que os 13 de cada 100 dólares gastos em lojas de rede. Comprar local também ajuda a fortalecer a classe média – o dinheiro premia pequenos empreendedores, em vez de ir parar nas mãos de executivos engravatados dos infinitos níveis hierárquicos das grandes corporações. Sem falar que incentivar o comércio local pode reduzir a emissão de carbono, ao diminuir a necessidade de transportar produtos por grandes distâncias. E, no meio da crise cataclísmica que está assolando o país, cidades com comércio local mais forte estão se saindo melhor do que lugares altamente dependentes de redes e corporações.

Outra vantagem é que incentivar o comércio local torna as cidades mais interessantes. San Francisco, que tem leis rigorosas para desestimular a chegada de grandes redes, tem um comércio absurdamente variado e divertido. Austin, no Texas, outra cidade que preza o comércio independente, tem um dos aeroportos onde se come melhor no país. Todos os restaurantes e lanchonetes do aeroporto são de donos locais. País afora, já há 4.385 “mercados de fazendeiros”, pequenas feiras de rua mantidas pelos agricultores locais. Um terço deles não existia em 2000. Não tem lugar melhor para tomar café da manhã num domingo de sol. Outro exemplo da “onda local” são as hortas comunitárias que estão se espalhando por cidades americanas, em especial na Califórnia, mas até aqui, nesta ultra-urbana Nova York de onde escrevo. As pessoas estão plantando seu almoço em vez de ir a uma rede de supermercados.

Por Denis Russo Burgierman

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Três meses depois de alerta sobre benzeno em refrigerantes, fábricas mantêm fórmulas


Ambiente Brasil (05/08/2009)

Milhares de brasileiros que consomem refrigerantes podem, sem saber, estar ingerindo benzeno, uma substância comprovadamente cancerígena. Apesar de a associação de defesa dos consumidores Pro Teste ter feito o alerta no início de maio, até o momento nenhuma providência foi tomada nem pelos órgãos competentes, nem pelas empresas.

Eles não negam a denúncia e alegam que cumprem os requisitos contidos na legislação brasileira. De acordo com o Ministério da Agricultura, "não há limite estabelecido oficialmente para o benzeno em refrigerantes".

Segundo a coordenadora institucional da Pro Teste, a advogada Maria Inês Dolci, o objetivo inicial da entidade era apenas analisar a higiene e o valor nutricional das bebidas.

Para surpresa dos pesquisadores, sete das 24 amostras de diferentes marcas submetidas a testes revelaram indícios de benzeno: Fanta Laranja; Fanta Laranja light; Sukita; Sukita Zero; Sprite Zero; Dolly Guaraná e Dolly Guaraná diet.

Como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pelo controle e fiscalização dos produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública, não estabelece limites para a presença da substância em refrigerantes, os pesquisadores se basearam nos parâmetros legais sobre a existência do benzeno na água para definir um referencial “considerado aceitável” à saúde humana.

Mesmo por esse critério - que o próprio Ministério da Agricultura considera “inadequado” -, a Fanta Laranja light e a Sukita Zero foram reprovadas. No caso da Sukita Zero, a concentração da substância excedia em quatro vezes o valor de referência.

Responsável por registrar os produtos, o ministério informa que é possível que o benzeno se forme a partir da reação entre o ácido benzoico, empregado como conservante, e o antioxidante ácido ascórbico.

Sobre o risco de os refrigerantes conterem benzeno, no entanto, o ministério se limitou a informar que, não havendo limites estabelecidos oficialmente para a presença do “contaminante” em refrigerantes, apenas checa se os ácidos benzoico e ascórbico são usados conforme permitido pela Anvisa.

A agência, por sua vez, informou que “o uso do ácido benzoico em bebidas não alcoólicas” é permitido e que o Ministério da Agricultura “deve checar se os limites de uso desses aditivos está sendo respeitado” ao conceder o registro do produto.

Em resposta enviada à Agência Brasil, nenhuma menção é feita ao benzeno, embora já em 2003 a própria Anvisa tenha proibido a fabricação, distribuição e comercialização de produtos que contenham a substância, caracterizada pela International Agency Research on Cancer (Iarc) como “comprovadamente cancerígena”.

“O assunto é sério. Muitas pessoas consomem refrigerantes e já que constatamos a presença de benzeno em algumas bebidas, há uma responsabilidade muito grande dos órgãos reguladores e da indústria”, disse a coordenadora da Pro Teste à Agência Brasil.

“Esperamos que sejam adotadas as medidas cabíveis para que seja proibida a presença de benzeno nas bebidas. Sugerimos que os fabricantes substituam um dos dois ácidos do processo industrial e que os órgãos competentes elaborem uma legislação específica que proíba a presença do benzeno em refrigerantes".

Em resposta enviada à Pro Teste, a Coordenadoria-Geral de Vinhos e Bebidas do ministério disse estar levantando informações com os fabricantes sobre quais deles usam a combinação dos ácidos benzoico e ascórbico, “que podem causar a formação do benzeno”.

O ministério garantiu que está adotando “as medidas necessárias para desenvolver uma metodologia capaz de detectar a presença do benzeno em bebidas”.

Falando em nome da Coca-Cola (fabricante da Sprite Zero, Fanta Laranja e Fanta Laranja light), da Ambev (Sukita e Sukita Zero) e da empresa Dolly - procuradas pela reportagem para comentar o assunto e esclarecer se, confirmada a denúncia, alguma providência havia sido tomada -, a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes (Abir) informou que seus associados não tiveram acesso à pesquisa, não podendo comentá-la.

A entidade informou também que os produtos citados são registrados “e seus componentes e fórmulas obedecem a todos os requisitos da legislação brasileira de saúde”.

(Fonte: Agência Brasil)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Brasil é o maior consumidor de venenos do mundo


A partir de informações publicadas pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) - organização patronal que reúne empresas do agronegócio como Basf, Bayer, Down Agrosciences, Dupont, Monsanto e Syngenta - elaboramos um resumo sobre o consumo de venenos na agricultura brasileira.

Os dados são preocupantes. Enquanto as transnacionais exultam com seus lucros, o Brasil ocupa o posto de maior consumidor de venenos do mundo. A posição, antes ocupada pelos Estados Unidos, foi assumida em 2008, ano em que o mercado de agrotóxicos movimentou sete bilhões de dólares.

Foi no ano passado também que uma série de decisões judiciais - obtidas após recursos movidos por empresas de agrotóxicos - impediu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de realizar a reavaliação de 14 ingredientes ativos (utilizados em mais de 200 agrotóxicos).

Esse cenário contribuiu para o Brasil continuar a produzir e importar agrotóxicos proibidos em diversos países do mundo. Segundo informações do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz, o que não é vendido União Européia, Estados Unidos, Canadá, Japão e China, acaba vindo para o mercado brasileiro.

Neste ano de 2009, a Avisa retomou os processos de reavaliação de 13 substâncias. Porém, os interesses das empresas de agrotóxicos mostram que mais uma vez será árdua a tarefa do órgão. Dentre os dados recolhidos de informações da Andef, está o que a associação chama de “Desafios Estratégicos para a Indústria de Defensivos Agrícolas”, uma lista com oito itens que tem como ponto de destaque a necessidade de “agilizar processo de registro de novos produtos”. Percebe-se também que as indústrias de veneno estão preocupadas com os consumidores. Em quarto lugar, vemos que um dos desafios apontados é o de “esclarecer para a sociedade que alimentos ‘convencionais’ [sic] do agronegócio são mais saudáveis”.

Fonte(Carbono Brasil)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A sobrevivência humana ameaçada


“Estamos vivendo uma crise de padrão civilizatório. Nossos modos de viver não são compatíveis com as possibilidades do planeta. É preciso então mudá-los. Não temos alternativa.”. A afirmação é de Washington Novaes (foto), jornalista e ambientalista, em palestra proferida no Conselho de Economia, Sociologia e Política da Federação do Comércio, Sesc e Senac de São Paulo.

Com o tema “Os limites da sustentabilidade no mundo atual”, Washington Novaes discorreu sobre os desafios que se apresentam em tempos de mudanças velozes para a preservação do planeta Terra e das gerações futuras.

Leia a entrevista completa, aqui!

domingo, 2 de agosto de 2009

A Monsanto não quer que o olho do consumidor veja tudo


A multinacional de sementes transgênicas Monsanto obteve uma liminar de mandado de segurança para impedir a distribuição da cartilha “O Olho do Consumidor” produzida pelo Ministério da Agricultura, com arte do Ziraldo, para divulgar a criação do Selo do SISORG (Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica) que pretendia padronizar, identificar e valorizar produtos orgânicos, orientando o consumidor na sua escolha de alimentos realmente orgânicos.

O link do Ministério está “vazio” tendo sido retirado o arquivo do site.

Em autêntica desobediência civil e resistência pacífica à medida de força legal, estamos distribuindo eletronicamente a cartilha.

Se você concorda com a distribuição envie para os amigos e conhecidos.

Se você não concorda, simplesmente delete este e-mail.”A suposta página da discórdia

O link citado no email - este aqui, está funcionando. A informação já está correndo por aí – no INESC, nos comentários sugerindo pauta no

Conversa Afiada, no Transgênicos Não!, no Fórum de Economia Solidária – “Uma rede que está bombando na internet.”

Enquanto isso, a diabólica Monsanto diz que “não procedem os boatos” e “desconhece a origem dessa informação”, mas ao mesmo tempo diz que “se orgulha de ser líder em biotecnologia agrícola e acredita profundamente nos benefícios das culturas geneticamente modificadas [...]” (Parece que eles fazem um bom treinamento lá dentro, hein?)

De todo modo, tanto a discussão dos orgânicos quanto a discussão dos transgênicos procede (não vou confrontar estes com aqueles pois há mais possibilidades entre). E conhecimento vivo é o conhecimento compartilhado!